De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), aproximadamente 56 milhões de brasileiros possuem algum tipo de transtorno de ansiedade. Para esmiuçar e entender melhor a doença, suas causas e desdobramentos, o programa Assembleia Entrevista desta semana conversou com Dionatans Godoy Quinhones, psicólogo e professor universitário da Universidade Federal da Grande Dourados.
A ansiedade é um fenômeno intrínseco à condição humana. É uma reação emocional que pode estar presente em qualquer momento da vida e ser causada por diferentes situações. É importante e funcional para o organismo humano, pois é responsável pela adaptação a novidades ou situações que não estamos acostumados. Ela também serve para nos alertar em perigos, como um instinto de sobrevivência. O problema começa quando essa reação não cessa.
“Quando vamos enfrentar uma situação nova, imediatamente o seu organismo procura te preparar para sair dessa situação, e sair bem. É esperado que quando iniciar a atividade essa ansiedade cesse. Quando não conseguimos fazer isso, ela perdura em termos fisiológicos e isso começa a ir para o corpo, com agitação, boca seca, suor. Dessa forma, ela dá sinais que já não nos ajuda mais a passar nessas situações, virando um empecilho. Ela inibe que a gente continue. Aí começam os danos sociais, laborais”, comenta.
O problema em muitos casos vai escalonando, de acordo com Dionatans. Depressão, fobias e outras doenças são desdobramentos da ansiedade. São os transtornos de ansiedade. “A ansiedade se dirige para um foco específico, como a agorafobia, que é o medo social, que a pessoa sempre acha que algo ruim vai acontecer”, complementa.
Em relação aos dados da OMS, Dionatans acredita que o grande número de casos no Brasil é causado por um conjunto de fatores que o potencializam, como instabilidades econômicas e políticas. “A ansiedade é uma mobilização do corpo para lidar com o futuro. Quando a pessoa sente esse medo do que vai acontecer ou o fato de não saber o que vai acontecer, pode desenvolver problemas”.
As mudanças no contexto em que a sociedade vive, como rede social, celulares, as mudanças no sistema de trabalho, o imediatismo, o estilo de vida mais conectado faz com que se tenha essa sensação de alerta, de risco, também colaboram com o desenvolvimento do transtorno. Além disso, ele apontou outro agravante:
“Vivemos na cultura de relativização da saúde mental. Precisamos superar isso. Saúde mental é um fenômeno complexo e fundamental para nossa vida cotidiana. Processos terapêuticos são necessários para todos”.
Dionatans também informou que a ansiedade é hoje uma das maiores afastadoras do trabalho. “Em algumas cidades do Mato Grosso do Sul, já é o segundo fator que mais afasta do trabalho. Já podemos considerar que vivemos uma epidemia de ansiedade”.
TV Assembleia
O programa “Assembleia Entrevista” da TV Assembleia, canal da Assembleia Legislativa do Paraná, pode ser assistido sintonizando o aparelho de televisão no 10.2 – rede aberta, em Curitiba e Região Metropolitana – e no canal 16 (Claro/NET).
O programa é transmitido nas sextas-feiras, às 15 horas no canal da TV Assembleia e às 15h30 já está disponível no canal do YouTube da Assembleia. Também é possível assistir a reprise às 10h das quintas-feiras.
