Ataques aéreos e navais israelenses continuaram a atingir Gaza enquanto o secretário de Relações Exteriores do Reino Unido, David Lammy, reiterou sua exigência de cessar-fogo durante uma visita a Jerusalém.
Os ataques no centro de Gaza ocorreram após dois dias de ataques particularmente mortais, incluindo um em uma zona humanitária no sul de Gaza, que matou pelo menos 90 pessoas quando forças israelenses atacaram o chefe do braço militar do Hamas, Mohammed Deif.
O Hamas tem mantido que Deif sobreviveu ao ataque, apesar da especulação pública entre autoridades israelenses, mas a tentativa tem tensionado ainda mais as já frágeis negociações de cessar-fogo que se arrastam há meses. “Não há dúvida de que os massacres horríveis impactarão quaisquer esforços nas negociações”, disse o porta-voz do Hamas, Jihad Taha, no domingo.
Uma fonte próxima às negociações disse que os mediadores do Catar permaneceram determinados a superar esse último obstáculo, apesar do risco de que a tentativa de assassinato de Deif pudesse paralisar as negociações. Eles apontaram exemplos notáveis em que o Hamas relutou em negociar, mas não se desvinculou completamente, incluindo após um ataque israelense em um campo de refugiados de Gaza em outubro passado que matou 120 pessoas, e o assassinato do fundador da ala militar do Hamas, Saleh al-Arouri, em Beirute no início deste ano.
“As conversas continuaram então, e elas continuarão independentemente de um lado querer dar um passo para trás e rever”, eles disseram. Uma segunda via de negociações para evitar uma guerra entre Israel e o Líbano, eles acrescentaram, pareceu estar se mostrando mais produtiva para mediadores, incluindo a Casa Branca.
Negociadores da agência de segurança israelense Mossad estão envolvidos em negociações indiretas com o Hamas, mediadas pelo Catar, Egito e o chefe da CIA, em uma tentativa de garantir a libertação de dezenas de reféns israelenses e de nacionalidade dupla mantidos pelo Hamas e outras facções palestinas em Gaza desde 7 de outubro.
Após uma libertação inicial de reféns em novembro, os esforços para garantir uma segunda rodada em troca de pelo menos uma pausa temporária nos combates provaram ser muito mais desafiadores. O fórum de reféns e famílias desaparecidas de Israel disse que sinais de vida foram recebidos de 33 reféns no final de maio, de acordo com a Anistia Internacional, de uma estimativa de 116 que se acredita estarem presos em Gaza.
O Hamas e as autoridades israelenses continuam em desacordo, às vezes até mesmo quanto à formulação exata do acordo de trégua. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, dobrou sua demanda de que as forças israelenses devem ter permissão para continuar lutando em Gaza, enquanto o Hamas há muito tempo exige pelo menos uma trégua temporária.
Gershon Baskin, um negociador israelense de longa data envolvido no acordo de troca de reféns que libertou o soldado israelense Gilad Shalit, postou no X sobre a necessidade de “fazer um acordo agora”. Os negociadores israelenses, ele disse, devem garantir um acordo e mostrá-lo ao público “para que todos saibam que o primeiro-ministro é quem está bloqueando o acordo”.
“A tentativa de eliminação de Deif, ou a eliminação de Deif, não adiantará a libertação dos reféns”, ele disse. “A pressão militar de mais de nove meses resultou apenas na morte de reféns e de muitos palestinos não combatentes.”
Lammy reiterou seu apelo por um cessar-fogo durante seu segundo dia de reuniões com autoridades israelenses, incluindo uma reunião com o presidente israelense, Isaac Herzog, enquanto o novo secretário de Relações Exteriores britânico continua sua iniciativa diplomática, apesar das esperanças cada vez menores de um cessar-fogo imediato.
Lammy conheceu a família dos reféns britânicos e mais tarde se juntou a Herzog para conhecer parentes de Tamir Adar, cujo corpo acredita-se estar sendo mantido por militantes do Hamas em Gaza. “Espero que vejamos um acordo de reféns surgir nos próximos dias, e estou usando todos os esforços diplomáticos”, disse Lammy. “Espero também que vejamos um cessar-fogo em breve, e que tragamos um alívio ao sofrimento e à perda intolerável de vidas que estamos vendo agora também em Gaza.”
Membros de extrema direita do gabinete de Netanyahu continuam a exigir que o governo israelense se abstenha de fazer um acordo para acabar com os combates em Gaza. O ministro das finanças, Bezalel Smotrich, disse na segunda-feira que se opunha à libertação de qualquer prisioneiro palestino como parte de um acordo de cessar-fogo, dizendo: “Não vou concordar com isso, uma linha vermelha deve ser traçada.”
Ele acrescentou: “Eu me oporei a isso mesmo que isso acabe com minha carreira política”.
