Queijo colonial do Sudoeste do Paraná recebe a Indicação Geográfica | ASN Paraná

Queijo colonial do Sudoeste do Paraná recebe a Indicação Geográfica | ASN Paraná

Notícia

O queijo colonial do Sudoeste do Paraná recebeu, nesta terça-feira (17), o registro de Indicação Geográfica (IG) concedido pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). A produção artesanal ganha a chancela de Indicação de Procedência (IP), uma das modalidades de IG, que reconhece a região como centro de produção e referência queijeira. O registro abrange o alimento produzido em 42 municípios que estão localizados na área geográfica delimitada.

Com a diferenciação de ser IG, existe a expectativa de que os produtores tenham acesso a novos mercados, garantindo maior valor agregado e faturamento. A região sudoeste do Paraná conta com 18 produtores de queijo, de 11 municípios, que integram a Associação dos Produtores de Queijo Artesanal do Sudoeste do Paraná (Aprosud) e são responsáveis pela produção de 17 toneladas de queijo por mês.

De acordo com o presidente da Aprosud e produtor, Claudemir Roos, a conquista da IG é um sonho que se torna realidade. Ele lembra que muito trabalho foi despendido e que a certificação é um reconhecimento aos produtores por toda a dedicação.

“Traz, sem dúvidas, a atenção de mais compradores, maior valor aos nossos produtos e, com certeza, mais renda para o campo e para as famílias que fazem da produção de queijo o seu ganha-pão. Além disso, atrairá a atenção de outros agricultores que desejam produzir. Quem ganha com isso é a região”, afirma Claudemir.

O presidente da Associação dos Produtores de Queijo Artesanal do Sudoeste do Paraná (Aprosud) e produtor, Claudemir Roos. Foto: Carina Pelegrini

Alyne Chicocki, consultora do Sebrae/PR, conta que a instituição apoiou em todo o processo de consolidação desta conquista.

“A IG é mais do que um selo — é o reconhecimento de uma história que vem sendo moldada há décadas pelas mãos de famílias que vivem o queijo colonial todos os dias. O Sudoeste do Paraná carrega uma identidade produtiva forte, marcada pela tradição, pelo saber-fazer artesanal e pela união dos produtores. O Sebrae/PR teve a honra de caminhar junto com a Aprosud e diversos parceiros nesse processo”, pontua Alyne.

Para ela, a conquista também é fruto de uma atuação voltada para a pesquisa da história, suporte técnico, elaboração do dossiê e, principalmente, fomentando a valorização dessa cultura.

“Hoje celebramos uma vitória coletiva, que representa novas oportunidades de mercado, mais renda para o campo e o fortalecimento de um território que tem muito a oferecer. Além disso, junto com outros parceiros, apoiamos eventos importantes para o queijo regional, como o Inova Queijo e as qualificações necessárias para os produtores. Tudo isso tornou a IG possível”, completa Alyne.

Reconhecimento e responsabilidade

Para a produtora Cristina Bombonato, do município de Pinhal de São Bento, a conquista da IG traz responsabilidades ainda maiores ao mesmo tempo em que reconhece a cultura local.

“Implica em termos processos produtivos mais rigorosos e seguros através de boas práticas na propriedade. Isso faz diferença para o consumidor, traz credibilidade. Além disso, a IG também é um reconhecimento histórico, uma vez que a colonização italiana trouxe essa cultura da produção de leite e queijo. É a preservação dessa identidade que carregamos”, destaca.

Historicamente, a região Sudoeste do Paraná é reconhecida pela produção de queijos artesanais, uma tradição que remonta à década de 1940. Foto: Carina Pelegrini

História e gerações

Na família de Angela Bach, de Santa Izabel do Oeste, que produz desde os anos 1990, a relação com o queijo ultrapassa gerações.

“Uma tradição passada de avó para os filhos e, consequentemente para nós, netos. Tudo começou com duas vacas de leite, de forma artesanal. Ao longo desses anos, passamos por dificuldades, tivemos desafios, mas crescemos. Essa conquista da IG representa muito, porque traz reconhecimento a essa história que se repete em tantas outras famílias”, pontua Angela.

A produtora conta que a propriedade produz cerca de 800 litros de leite por dia e entrega queijo em toda a região.

“Produzimos o queijo colonial, queijo colonial temperado e queijo colonial Tia Paulina (maturado). Todos seguem receitas familiares e produzidos com leite das nossas vaquinhas, felizes, da propriedade”, conclui Angela.

A família Bach, produtores de queijo de Santa Izabel do Oeste. Foto: FAEP/SENAR

Apoio coletivo

O processo de obtenção da IG contou com o apoio do Sebrae/PR, Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná/Iapar/Emater), Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Paraná (Seab), Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Cresol, além de prefeituras e produtores da região. Todos os produtores da área geográfica do Sudoeste do Paraná que cumprirem as exigências técnicas e forem fiscalizados pelo conselho regulador, poderão utilizar o selo da IG em seus queijos coloniais.

Bacia Leiteira

De acordo com dados do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Agricultura e do Abastecimento do Paraná (Seab), a região Sudoeste tem aproximadamente 20 mil produtores de leite, responsáveis por uma produção estimada em 1 bilhão de litros por ano, sendo a principal bacia leiteira do Paraná.

Identidade cultural do Sudoeste está intimamente ligada à produção de queijos, sendo esse um dos símbolos de sua história rural e da permanência das famílias no campo. Foto: Carina Pelegrini

Área geográfica

A área geográfica delimitada da IG abrange os municípios de: Ampére, Barracão, Bela Vista da Caroba, Boa Esperança do Iguaçu, Bom Jesus do Sul, Bom Sucesso do Sul, Capanema, Chopinzinho, Clevelândia, Coronel Domingos Soares, Coronel Vivida, Cruzeiro do Iguaçu, Dois Vizinhos, Enéas Marques, Flor da Serra do Sul, Francisco Beltrão, Honório Serpa, Itapejara D’ Oeste, Manfrinópolis, Mangueirinha, Mariópolis, Marmeleiro, Nova Esperança do Sudoeste, Nova Prata do Iguaçu, Palmas, Pato Branco, Pérola d’ Oeste, Pinhal de São Bento, Planalto, Pranchita, Realeza, Renascença, Salgado Filho, Salto do Lontra, Santa Izabel do Oeste, Santo Antônio do Sudoeste, São Joao, São Jorge d’ Oeste, Saudade do Iguaçu, Sulina, Verê, Vitorino.

Indicações Geográficas do Paraná

Com a conquista do queijo colonial do Sudoeste do Paraná desta terça-feira (17), o Paraná alcançou 19 Indicações Geográficas e segue como o segundo estado brasileiro com o mais IG, que são: carne de onça de Curitiba; urucum de Paranacity, cracóvia de Prudentópolis; mel de Ortigueira; queijos coloniais de Witmarsum; cachaça e aguardente de Morretes; melado de Capanema; cafés especiais do Norte Pioneiro; morango do Norte Pioneiro; vinhos de Bituruna; goiaba de Carlópolis; mel do Oeste do Paraná; barreado do Litoral do Paraná; bala de banana de Antonina; erva-mate São Matheus; camomila de Mandirituba; uvas finas de Marialva e broas de centeio de Curitiba.

Além desses reconhecidos, há ainda uma Indicação Geográfica concedida a Santa Catarina, que envolve também municípios do Paraná e do Rio Grande do Sul: o mel de melato da bracatinga do Planalto Sul do Brasil.

O Estado ainda possui 11 produtos com a IG depositada, ainda em processo de análise no INPI: cervejas artesanais de Guarapuava; mel de Capanema; pão no bafo de Palmeira; tortas de Carambeí; mel de Prudentópolis; café de Mandaguari, ponkan de Cerro Azul; ovinos e caprinos da Cantuquiriguaçu; ginseng de Querência do Norte; café da serra de Apucarana e ostras do Cabaraquara.

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