Nesta semana, em 23 de setembro, foi comemorado o Dia Nacional dos Profissionais de Nível Técnico. Estudos mostram que a ampliação das vagas da educação profissional técnica de nível médio pode aumentar o produto interno bruto (PIB) do Brasil, elevar a renda dos profissionais e melhorar as chances de conseguir emprego. No Senado, debates e proposições mostram o compromisso da Casa com a educação profissional, científica e tecnológica.
A necessidade de valorizar o ensino profissionalizante no país foi uma das conclusões dos participantes de sessão especial feita na segunda-feira (23) no Plenário. A sessão foi feita a pedido (
— O ensino técnico profissionalizante não é importante apenas para suprir as demandas do mercado de trabalho da nossa economia. Ele é importante, sobretudo, pelo seu aspecto social, porque permite um acesso mais rápido ao mercado de trabalho, gerando renda e emprego para os nossos jovens — disse o senador Castellar Neto (PP-MG), que presidiu a sessão.
A fala do senador reflete o que mostram os números do estudo Potenciais Efeitos Macroeconômicos com Expansão da Oferta Pública de Ensino Médio Técnico no Brasil, feito por técnicos do Insper Instituto de Ensino e Pesquisa e financiado pelo Itaú Educação e Trabalho. De acordo com o levantamento, publicado em 2023, triplicar as vagas do ensino médio técnico traria como consequência um incremento de 2,32% no PIB. O mesmo levantamento mostra que trabalhadores com ensino técnico ganham, em média, 32% a mais do que aqueles que cursaram o ensino médio tradicional. Além disso, a taxa de desemprego para aqueles que têm ensino médio técnico é 3 pontos percentuais menor que a dos formados apenas no ensino médio.
Investimento
O mesmo estudo aponta que o Brasil está perdendo a corrida na formação desses profissionais. Nos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o ensino técnico tem uma média de participação de 37% dos estudantes que concluem o ensino médio. Em países como Bélgica, Finlândia e Holanda, os formados no ensino médio técnico representam a metade dos formados no ensino médio. No Brasil, de acordo com a pesquisa, esse índice é de apenas 8%.
O baixo investimento brasileiro nessa modalidade de ensino foi ressaltada pelo senador Izalci Lucas (PL-DF) durante a sessão especial. Segundo Izalci, o país é um dos que menos investem em ensino técnico no mundo.
— De acordo com a OCDE, o Brasil está entre os cinco países com menor percentual de estudantes matriculados na educação profissional. (…) O Brasil carece de mão de obra, e sabemos disso. A previsão, segundo levantamentos publicados, é de que o Brasil terá que qualificar cerca de 9,6 milhões de pessoas em ocupações industriais para os próximos anos. Isso significa que três a cada quatro trabalhadores precisarão passar pela formação, não só para fazer face às demandas de novas vagas, mas para repor os que se aposentam e aqueles que precisam continuar suas formações — disse o senador.
Izalci citou o Mapa do Trabalho Industrial 2022-2025, estudo feito pelo Observatório Nacional da Indústria, para identificar demandas futuras por mão de obra e orientar a formação profissional de base industrial no país. De acordo com o levantamento, até 2025, o Brasil precisará qualificar 9,6 milhões de pessoas em ocupações industriais. Desses, 2 milhões seriam em formação inicial, para preencher novas vagas e ocupar as de inativos.
A principal carência está na área de ocupações transversais, aquelas que permitem ao profissional atuar em diferentes áreas, como é o caso dos técnicos em segurança do trabalho e técnicos de apoio em pesquisa e desenvolvimento, por exemplo.
Sistema S
Egresso de cursos técnicos do Serviço Nacional do Comércio (Senac) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), o ex-senador Inácio Arruda — atual secretário de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento Social do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação — destacou o papel do Sistema S na formação técnica no Brasil.
— É evidente que temos que destacar também o esforço realizado no Sistema S, criado no período do governo de Getúlio Vargas, que se mantém até hoje e tem que se aprimorar permanentemente, porque é um sistema que deve ser sempre compartilhado entre trabalhadores e empregadores. E é preciso reforçar esse sentido que o Sistema S tem, que é um compartilhamento de como a gente dialogar sempre para ter os melhores cursos.

Levantamento feito pelo Senai, principal instituição que forma para a indústria, mostra que, em média, 84,4% dos egressos de seus cursos estão empregados em até um ano após a conclusão da formação. Em vários cursos, esse índice supera os 90%.
Novas vagas
O secretário de Educação Profissional e Tecnológica do Ministério da Educação, Marcelo Bregagnoli, afirmou que o momento é de compromisso com a qualidade, o restabelecimento e a implantação de programas de sucesso na área da educação, e isso inclui o ensino técnico.
Como exemplo do compromisso, ele citou o plano do governo de expansão da rede federal de ensino técnico, com a criação de 100 novos campi de institutos federais de Educação, Ciência e Tecnologia pelo país. As novas unidades estão sendo implantadas em todas as unidades da Federação, com 140 mil novas vagas, a maioria em cursos técnicos integrados ao ensino médio.
De acordo com o governo, até 2002, o Brasil tinha 140 escolas técnicas. Em 2008, no segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi sancionada a
Para o presidente do Conselho Federal dos Técnicos Industriais, Ricardo Nerbas, o Brasil tem um longo caminho pela frente quando se trata do ensino técnico. Ele comemorou a ampliação da oferta de ensino técnico, tanto pelo governo quanto pelo Senai.
Na avaliação de Bernardino José Gomes, diretor de Fiscalização e Normas do conselho, o ensino técnico é um fator de inclusão social, que transforma a vida das pessoas. Ele apontou a necessidade de que essas vagas acompanhem as transformações da indústria e do mundo do trabalho.
— É importante que as escolas técnicas e que o Senai possam oferecer as especializações técnicas de nível médio, para que a gente possa também garantir, lá no chão de fábrica, que essas transformações da indústria 4.0, da inteligência artificial, possam trazer de fato empregabilidade aos nossos técnicos e que a gente não importe tecnologia — disse, durante o debate.
Proposições
Durante a sessão, participantes lembraram o trabalho do Senado pelo fortalecimento do ensino técnico, com a aprovação do
Uma das contrapartidas dos estados é justamente o investimento na educação profissionalizante. De acordo com o texto, o Fundo de Equalização Federal receberá parte dos recursos economizados com o desconto de juros da renegociação para investimentos em todos os estados e no DF. Outra parte do dinheiro poderá ser integralmente aplicada em investimentos no próprio estado. No mínimo 60% deverão ser investidos na educação profissional e técnica.
— O Senado brasileiro já demonstrou um compromisso muito grande com a educação profissional e tecnológica quando aprovou o PLP 121, de autoria do senador Rodrigo Pacheco (…). Tenho que fazer esse destaque aqui de que a gente vai entrar numa nova era, se o projeto for aprovado na Câmara, como foi nesta Casa — disse o secretário Marcelo Bregagnoli.
Outros textos em análise no Senado também buscam fortalecer a educação profissional e tecnológica. Um deles é o
O projeto também faz alterações na Consolidação das Leis do Trabalho (
Recursos
O
Também na CE, o
Outro texto em análise na Casa é o
Também apresentado por Dorinha, na época em que era deputada, o
Incentivos
A criação de um programa de patrocínio para a educação técnica e superior é o objetivo do
Também na CAE, estão o
A criação da Política Nacional de Educação para o Emprego é o objetivo do
Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)
