O Exército israelense anunciou neste domingo (25) o lançamento de uma ofensiva no Líbano, após ter detectado preparativos do Hezbollah para lançar “ataques em grande escala” contra Israel.
“Estamos a observar os preparativos do Hezbollah para ataques em grande escala contra o território israelense”, escreveu o Exército numa mensagem em árabe dirigida à população do sul do Líbano.
“Qualquer pessoa que se encontre nas imediações das zonas onde o Hezbollah está a operar deve abandonar imediatamente as suas casas para se proteger a si e às suas famílias”, acrescentou.
No sábado, o Exército israelense anunciou a morte de seis membros das milícias xiitas do Hezbollah, incluindo um destacado comandante do grupo libanês, em ataques aéreos efetuados em várias localidades do sul do Líbano.
Israel identificou o comandante morto como Mohamed Mahmud Nayam, líder da unidade de ‘rockets’ do Hezbollah. O destacado operacional do movimento xiita libanês foi morto num ataque aéreo em Eita al Zut, perto de Ayta al Jabal, onde o seu sobrinho, Zulfiqar Radwan, também teria morrido.
Três outros operacionais morreram num ataque contra uma unidade de lançamento de ‘rockets’ na cidade de Tayr Harfa, e os restantes morreram em bombardeamentos em Mays al Jabal e Aitarun.
O Hezbollah confirmou a morte de cinco operacionais nestes ataques, incluindo Mohamed Mahmud Nayam.
Os ‘media’ libaneses noticiaram a morte de uma criança nestes ataques, embora não haja, de momento, qualquer verificação oficial.
Com estas mortes, somam-se agora 424 combatentes do Hezbollah abatidos desde o início do fogo cruzado transfronteiriço entre Israel e o movimento libanês pró-iraniano.
As hostilidades começaram em outubro de 2023, um dia depois do início da guerra na Faixa de Gaza entre as forças de Telaviv e o Hamas.
O Hezbollah integra o chamado “Eixo da Resistência”, uma coligação liderada pelo Irã de que fazem parte também, entre outros, o grupo extremista palestino Hamas e os rebeldes huthis do Iémen,
Suspensão de voos
A companhia aérea francesa Air France anunciou a suspensão dos seus voos para Telaviv, capital de Israel, e Beirute, capital do Líbano, “até pelo menos 26 de agosto”, noticiou a agência AFP.
A decisão foi justificada com o agravamento das tensões entre Israel e o movimento xiita libanês Hezbollah.
Tendo em conta a atual situação, “os voos de hoje e amanhã [segunda-feira] serão anulados”, disse um representante da Air France, admitindo que a suspensão possa ser prolongada.
A companhia francesa – que opera uma ligação diária com aquelas cidades – fará novo ponto de situação na segunda-feira, acrescentou, não tendo fornecido informações sobre o que fará a filial ‘low-cost’ Transavia, que também opera voos para as duas cidades.
Em resposta ao assassinato de um dos seus líderes militares num ataque israelita, em 30 de julho, o Hezbollah lançou ataques contra bases militares em Israel e nos Montes Golã sírios, ocupados por Telaviv.
Esta situação levou Israel a responder, destruindo “milhares de plataformas de lançamento de foguetes do Hezbollah”, e a declarar o estado de emergência militar.
Desde outubro, a violência fez 605 mortos no Líbano, incluindo 391 combatentes do Hezbollah e pelo menos 131 civis, segundo um levantamento realizado pela AFP.
Do lado israelense, 23 soldados e 26 civis foram mortos, segundo as autoridades de Telaviv.
Desde o início da guerra na Faixa de Gaza, em outubro passado, o Hezbollah (pró-iraniano) e os seus aliados, incluindo o grupo islamita palestino Hamas, têm reivindicado a autoria de ataques contra Israel a partir do sul do Líbano.
Nas últimas semanas, muitos países apelaram aos seus cidadãos para que abandonassem o Líbano, onde está sediado o Hezbollah, e já são várias as companhias aéreas que suspenderam os voos para a região.
A companhia aérea alemã Lufthansa anunciou há dias o prolongamento da suspensão dos voos para Beirute até 30 de setembro, e para Telaviv e Teerã (capital do Irão) até 2 de setembro.
Já os voos para Amã, na Jordânia, e Erbil, no Iraque, que também haviam sido suspensos, vão ser retomados em 27 de agosto.
As primeiras companhias aéreas a cancelar os voos com escala em Telaviv foram as norte-americanas Delta e United, mas rapidamente se juntaram outras, como a American Airlines, a Ryanair e a easyJet.
ONU
A coordenadora especial da ONU para o Líbano e as forças de manutenção da paz destacadas no país apelaram ao Hezbollah libanês e a Israel para “se absterem de qualquer nova escalada” e “cessarem fogo”.
Numa declaração conjunta, o gabinete da coordenadora das Nações Unidas e a Força Interina das Nações Unidas no Líbano (FINUL), estacionada na fronteira entre Israel e o Líbano, registaram “a evolução preocupante da situação”, depois de o Hezbollah pró-iraniano ter anunciado a realização de um ataque em grande escala contra Israel, que, por seu lado, comunicou ataques preventivos no país vizinho.
(Agência Lusanews)