O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, sugeriu que poderia haver uma suspensão parcial das operações militares em Gaza para permitir que crianças pequenas fossem vacinadas contra a poliomielite.
Em um comunicado, o gabinete de Netanyahu negou uma reportagem da televisão israelense de que haveria uma trégua geral durante a campanha de vacinação, que começa no fim de semana, mas disse que aprovou a “designação de locais específicos” em Gaza.
“Isso foi apresentado ao gabinete de segurança e recebeu o apoio dos profissionais relevantes”, disse o comunicado.
A declaração concisa pode muito bem ter sido deliberadamente vaga. Elementos de extrema direita da coalizão são firmemente opostos a qualquer forma de trégua ou alívio para a população palestina de Gaza, mas agências de ajuda deixaram claro que o surto de pólio, o primeiro em Gaza em 25 anos, quase certamente se espalharia para Israel se não fosse contido imediatamente.
A mídia israelense informou que uma pausa nas operações foi exigida pelo secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, quando ele visitou Israel na semana passada.
A primeira de duas rodadas de vacinação deve começar no sábado, em um esforço urgente para controlar a disseminação do vírus, que foi encontrado em um bebê com paralisia em uma perna no início deste mês.
Mais de 25.000 frascos de vacina, o suficiente para mais de 1 milhão de doses, chegaram a Gaza junto com o equipamento necessário para mantê-los resfriados enquanto são transportados. Mas especialistas em saúde alertaram que seria virtualmente impossível realizar a campanha de vacinação com sucesso sob bombardeio.
Para impedir a disseminação da doença, as agências de ajuda devem alcançar 90% das estimadas 640.000 crianças menores de 10 anos em Gaza. Isso já é desafiador, pois os palestinos têm sido submetidos a um número crescente de ordens de evacuação pelo exército israelense, amontoando-os em espaços cada vez mais apertados e remotos.
Uma possibilidade sugerida pela declaração de Netanyahu é que o bombardeio israelense seria interrompido em diferentes áreas de Gaza sequencialmente, para permitir que os trabalhadores humanitários com as vacinas se deslocassem de uma área para outra.
A incerteza sobre pausas humanitárias e ordens de evacuação tornou o planejamento extremamente difícil, disse Juliette Touma, porta-voz da agência de ajuda humanitária da ONU, Unrwa.
“Os planos são o pão com manteiga de qualquer operação humanitária bem-sucedida. Você tem que saber quantas pessoas você vai alcançar: onde elas estão localizadas? Como você vai alcançá-las?”, disse Touma. “O planejamento é um elemento muito importante para o sucesso de qualquer operação, mas em Gaza o planejamento é quase inexistente.”
