IBGE trabalha em revisão do cálculo do PIB para refletir mudanças na economia e no meio ambiente — Agência Gov

IBGE trabalha em revisão do cômputo do PIB para refletir mudanças na economia e no meio envolvente — Filial Gov

Notícia

 

O IBGE iniciou os trabalhos para uma novidade revisão do cômputo das Contas Nacionais, notadamente do Resultado Interno Bruto (PIB). As Contas Nacionais seguem as recomendações de organismos estatísticos internacionais – Organização das Nações Unidas (ONU), Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico ou Parcimonioso (OCDE), Banco Mundial, Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Eurostat – e suas grandes revisões acontecem a cada dez anos, para que o cômputo reflita as mudanças ocorridas na economia. No Brasil, as últimas revisões ocorreram para os anos de referência 2000, 2010 e deveriam ter sido feitas em 2020, mas a pandemia prejudicou a escolha do ano de 2020 uma vez que referência, sendo mudado para 2021.

Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais, informa que agora o ano base será 2021, e os técnicos vão procurar seguir as recomendações do novo manual das ONU – System of National Accounts (SNA) –, previsto para ser divulgado em 2025. Entre outras iniciativas, o novo manual introduz medições ligadas ao meio envolvente, à economia do dedo, à extração de recursos naturais, à desigualdade e ao bem-estar.

“A economia vai mudando, e precisamos abraçar na mensuração as coisas novas que acontecem na economia. De tempos em tempos, sai o manual internacional SNA, e temos de nos adequar. Mas, mesmo sem o novo manual, precisamos fazer uma mudança maior e recalcular toda a série com a mesma metodologia. A gente faz a mudança de ano-base e refaz os cálculos, até porque há uma série de novas pesquisas, uma vez que um novo recenseamento demográfico, uma novidade Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), ou um novo recenseamento agropecuário. Mas só podemos fazer essa adequação periodicamente e precisamos rever a série inteira”, explica Rebeca Palis.

Trata-se de um projeto multíplice que demanda tempo, pois implica mudanças de classificação de atividades, de algumas metodologias e de fontes de dados. A novidade metodologia é adotada para os próximos anos e para adequação dos anos anteriores. A recomendação internacional é para que as mudanças ocorram a cada dez anos, porque, caso contrário, algumas estruturas podem permanecer obsoletas. Estar adequado aos manuais internacionais permite, inclusive, a comparabilidade entre as economias de diferentes países.

“Os países não precisam esperar transpor um manual para implementar as mudanças, mas, quando sai um manual, todos têm de se adequar e aproveitam para fazer uma revisão de suas Contas Nacionais. Hoje a maioria dos países está adequada ao SNA 2008, e isso permite a comparabilidade. O próximo manual (SNA 2025) vem sendo estudado há um tempo, discutindo questões novas, uma vez que maior inclusão do meio envolvente e economia do dedo, e realizando consultas globais das quais o Brasil tem participado. Em cada tema, é recomendado o que precisa mudar. Porquê o tempo de preparação coincidiu com o início do nosso trabalho, mudanças que serão recomendadas pelo novo manual internacional já serão incorporadas”, sinaliza a coordenadora.

Ela ressalta que a estrutura básica das contas nacionais não vai mudar. O que deve ocorrer é a incorporação de mais temas, que passarão a ser considerados mais importantes, para que o sistema de contas reflita a verdade, levando mais em consideração o meio envolvente e o bem-estar. “A proposta é expandir o olhar e mensurar a degradação do meio envolvente, melhorar a mensuração do impacto da economia do dedo”, diz Rebeca Palis.

Na última mudança em 2010, houve mudanças na contabilização dos investimentos uma vez que a inclusão de pesquisa e desenvolvimento, por exemplo. Depois 2010, o IBGE desenvolveu as Contas Econômicas Ambientais, e isso favorece a adequação à interação que a ONU vem promovendo entre economia e meio envolvente.

“Retiramos recursos naturais do meio envolvente, ele circula pela economia e depois, eventualmente é devolvido para o meio envolvente. O IBGE já imaginava que cada vez mais haveria essa tendência de interação das contas ambientais com as contas nacionais. Lançamos primeiro as Contas Econômicas Ambientais da Chuva e depois as Contas Econômicas Ambientais de Força”, completa Rebeca Palis.

Com a transformação do dedo avançando na maior secção dos países, a economia mudou muito nos últimos anos. Outra mensuração importante é a conta relativa ao consumo das famílias, com uma fenda maior para mensurar a estratificação e, portanto, a desigualdade.

Rebeca diz que não há ainda um cronograma definido porque haverá uma reformulação de todas as contas – nacionais, regionais, municipais e contas satélites. “São medições interligadas, e cada uma com um tempo. A tendência é terminarmos depois a edição do manual internacional, a partir de 2025”, conclui a coordenadora de Contas Nacionais.

Por: Instituto Brasílio de Geografia e Estatística (IBGE)