Especialista aponta impactos para Carrefour, após boicote dos frigoríficos brasileiros

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Frigoríficos brasileiros cumpriram as suas ameaças recentes e começaram a interromper o fornecimento de carne ao Carrefour Brasil.

Fontes do setor confirmaram à CNN que a JBS, por exemplo, interrompeu o fornecimento ao Carrefour na última quinta. A medida, no entanto, foi ganhando força ao longo dos últimos dias. A Friboi, marca do frigorífico, responde por cerca de 80% das carnes vendidas no Carrefour.

O grupo varejista nega que haja até então desabastecimento em suas unidades e, sobre a interrupção do fornecimento, alega que seria necessário “consultar os frigoríficos”. “É improcedente a alegação de que hoje há desabastecimento de carne nas lojas do Grupo Carrefour Brasil. A comercialização do produto ocorre normalmente nas lojas. Nenhuma loja está desabastecida”, disse a assessoria do grupo varejista.

As carnes in natura, vendidas nos açougues, tem um forte giro de estoque, de acordo com especialistas ouvidos pela CNN. O tempo de permanência desses produtos no supermercado é curto. “A ruptura, em breve, vai ficar óbvia. A reposição da carne in natura, a mais comercializada, é feita diariamente”, explica a CEO da AGR Consultores Ana Paula Tozzi.

A especialista acredita que a partir de hoje muito provavelmente unidades do Carrefour serão impactadas pela falta de carne. Segundo levantamento do Estadão, 150 unidades já sofrem com o corte desde sábado (23).

Ana Paula Tozzi explica que ao longo dos dias a falta de proteínas ganhará cada vez mais força, ainda que o Carrefour busque distribuidoras para comprar lotes emergenciais.

A interrupção do fornecimento dos frigoríficos vem como retaliação ao boicote anunciado, na última quarta-feira (20), pelo CEO global do Carrefour, Alexandre Bompard, às carnes dos países que compõem o Mercosul. Apesar de o Carrefour Brasil ter tentado se distanciar das declarações, o francês é controlador da companhia, com mais de 60% de participação.

A decisão do CEO do grupo francês foi uma resposta de solidariedade ao agronegócio da França, que tem se posicionado contra o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia. Agricultores franceses alegam que produtores do Mercosul não seguem as mesmas regras — principalmente ambientais — e teriam vantagens competitivas injustas.

Entidades brasileiras, desde então, vêm se posicionando contra as declarações de Bompard. Autoridades, como o ministro da Agricultura Carlos Fávaro, e o governador do Mato Grosso, Mauro Mendes, defenderam publicamente um boicote à bandeira. Fávaro teria, inclusive, pedido aos frigoríficos que tomassem uma atitude.