O presidente do Senado e do Congresso Nacional, Davi Alcolumbre, promulgou nesta quarta-feira (25) o projeto de lei que institui o Dia da Amizade Brasil-Israel, a ser celebrado anualmente em 12 de abril. Esse projeto (
Primeiro judeu a presidir tanto o Senado como o Congresso, Davi Alcolumbre destacou a importância histórica e simbólica da iniciativa, que homenageia a relação entre os dois países. Ele lembrou que a escolha da data está associada à instalação da primeira representação diplomática brasileira em território israelense, em 1951, e reforçou que o projeto havia sido apresentado há mais de 10 anos pela então presidente Dilma Rousseff, mas só agora foi aprovado e promulgado.
— Ao longo desse tempo, nunca se perdeu o sentido dessa homenagem. Reconhecer a importância da comunidade judaica no Brasil é fortalecer os laços históricos do Brasil, dos brasileiros, com Israel. A nova lei vai além da diplomacia; ela reconhece e valoriza a contribuição histórica, cultural e social da comunidade judaica do Brasil, uma comunidade vibrante, plural e profundamente enraizada em nosso tecido nacional — declarou o senador.
Davi agradeceu o apoio dos parlamentares à proposta e reiterou a importância da amizade e da cooperação internacional. Também destacou o apoio de Israel em momentos difíceis para o Brasil, como nas operações de resgate em Brumadinho, e disse que o gesto do Congresso é uma mensagem de solidariedade e paz. Ele ressaltou ainda que a celebração reforça o compromisso brasileiro com a amizade entre os povos, a convivência pacífica e a cooperação internacional em áreas fundamentais como ciência, inovação, cultura e desenvolvimento.
— O Brasil abriga hoje uma das maiores comunidades judaicas da América Latina, enquanto mais de 10 mil brasileiros vivem em Israel. Essa conexão humana fortalece os laços diplomáticos, aproxima culturas e promove o entendimento mútuo entre sociedades democráticas, diversas e abertas ao diálogo. Como primeiro presidente judeu do Senado Federal e do Congresso Nacional, com senso de dever institucional e profunda e imensa honra, registro a promulgação desta lei como expressão da nossa história comum, do respeito à diversidade e do desejo sincero do meu coração de cultivar amizades que contribuam para um mundo mais justo, mais sólido, mais fraterno, mais solidário e mais plural — declarou Davi.
Relator do projeto no Senado, o senador Carlos Viana (Podemos–MG) enfatizou a longa relação entre os dois países. Ele salientou que a amizade entre os povos deve estar acima de ideologias e governos temporários, e apontou o Brasil como um país irmão do povo de Israel. Além disso, o parlamentar defendeu o direito de autodefesa do Estado israelense e criticou o posicionamento do governo federal diante do conflito com o Irã. Ele recordou aspectos históricos da fundação do Estado de Israel e a participação do Brasil nesse processo. E descreveu a democracia israelense como um exemplo de tolerância religiosa.
— Israel é a única democracia do Oriente Médio, uma democracia em que árabes israelenses — que não são poucos: de cada dez cidadãos de Israel, três são árabes — têm filhos que estudam nas escolas públicas de Israel, em árabe, e os filhos dos muçulmanos têm professores muçulmanos ensinando as crianças para preservar a história daquele povo.
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) também ressaltou a importância do reconhecimento da história e da democracia israelenses, mencionando sua experiência pessoal ao visitar o país e a convivência pacífica entre diferentes grupos religiosos e políticos dentro do Knesset (o parlamento israelense). Ele manifestou indignação com a postura do presidente Lula, que não sancionou o projeto, sugerindo que tal atitude revela uma escolha política contrária ao povo brasileiro e ao Estado de Israel, sobretudo em meio ao atual conflito na região. Flávio Bolsonaro criticou duramente os atos terroristas cometidos contra civis israelenses, destacando a crueldade dos ataques e o sofrimento das vítimas, e condenou o que chamou de conivência do governo federal brasileiro com grupos terroristas.
— Se, deliberadamente, ele [Lula] não sanciona uma lei simples como essa — um gesto diplomático, um gesto humanitário, inclusive neste momento —, é porque ele escolheu o lado errado. E agora o presidente Lula perdeu uma grande oportunidade de mostrar que estaria pensando em voltar para o lado certo, em defender o direito do Estado de Israel de existir, em defender direitos humanos para os judeus. Mas não, prefere o ódio, prefere a causa ideológica que ele coloca acima de tudo, inclusive dos direitos humanos, quando se posiciona ao lado de terroristas.
O senador Magno Malta (PL-ES) destacou a importância histórica da amizade entre Brasil e Israel e criticou as atitudes de governos anteriores, incluindo o de Dilma Rousseff, que vetaram propostas semelhantes por motivações políticas relacionadas ao conflito árabe-israelense. O senador condenou o apoio do atual governo brasileiro ao Irã, cujo governo ele qualificou como “teocracia cruel e opressora”, citando o discurso hostil do Irã contra Israel. Ele afirmou que muitos cristãos brasileiros apoiam Israel e elogiou a democracia israelense e sua capacidade de sobreviver mesmo cercada por inimigos.
— A Dilma se negou a sancionar, o Lula se negou a sancionar, porque eles não morrem de amores por Israel. Nós morremos de amor por Israel. “Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei aqueles que te amaldiçoam”. Hoje é um dia para que nós, cristãos que amamos Israel, celebremos, porque corajosamente esta Casa votou e corajosamente, em meio a todo esse imbróglio, o presidente da Casa, para além de ser judeu, teve coragem de promulgar essa lei, a despeito de um governo de esquerda que celebra ditadores e são ditadores — declarou Malta.
Também judeu, o senador Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo no Senado, enfatizou seu orgulho pessoal pela ascendência judaica e sua trajetória familiar marcada pela Segunda Guerra Mundial. Ele lembrou que o projeto de lei que deu origem ao Dia da Amizade Brasil-Israel é de autoria da ex-presidente Dilma Rousseff, e argumentou que isso afasta interpretações que “politizam” o tema.
Jaques Wagner também defendeu o presidente da República — com quem tem longa convivência, ressaltou ele —, negando que Lula seja antissemita.
— Eu conheço o presidente Lula há 47 anos. E, na cabeça do presidente, não passa nenhum tipo de preconceito. Então, deixem-me deixar claro: o presidente Lula, em hipótese nenhuma, é um antissemita. A postura dele é de defesa da paz: condenou a Rússia, quando esta invadiu a Ucrânia, e depois fez a proposta para que se sentassem a uma mesa de negociação, que é a melhor forma de resolver problemas. A proclamação do dia da amizade entre Brasil e Israel não é entre o presidente Lula e o Netanyahu, é entre dois povos, e a fundação do Estado de Israel foi feita por um brasileiro, um diplomata brasileiro que dirigia aquela sessão histórica de 1948, em que, depois do massacre contra os judeus, a comunidade internacional entendeu que era a hora de demarcar. Eu vou continuar defendendo os judeus e defendendo a paz no Oriente Médio, porque, na minha opinião, só um grupo se interessa pelas guerras: os vendedores de armas.
Ao afirmar que é “bizarro” acusar Lula de antissemitismo, Jaques Wagner lembrou que “o secretário de imprensa do primeiro governo Lula se chama André Singer, judeu; a pessoa que o acompanha e anota todas as suas coisas se chama Clara Ant, judia; e eu sou líder do governo, judeu”.
— Então estou muito à vontade para dizer que naquela cabeça, naquele ser humano, não habita nenhum tipo de preconceito, muito menos o antissemitismo.
O senador Eduardo Girão (Novo-CE) reiterou seu posicionamento a favor do Estado palestino, mas também salietnou a importância do respeito e da amizade entre Brasil e Israel. Ele criticou episódios recentes de intolerância, citando o caso de violência contra uma criança iraniana em um aeroporto, e expressou sua insatisfação com a postura do governo federal, que ele avalia como de má vontade em relação a Israel.
— Parabéns pela promulgação desse dia de amizade entre Brasil e Israel. É simbólico, um pequeno gesto, mas importante para esta nação, que sempre teve um histórico de respeito, de respeito à diplomacia, de construção da cultura de paz, de construção por meio da imparcialidade. O governo Lula está jogando na lata do lixo, nesses três anos, toda a história construída por grandes nomes da nossa diplomacia. Um deles está aqui [referindo-se ao busto no Plenário do Senado], e que dá o nome a este Plenário: Ruy Barbosa, um baiano.
Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)
