Segundo analistas, os números vieram positivos, mas não necessariamente se refletirão nas ações da companhia, especialmente por conta de um mercado mais cauteloso nesses dias e um resultado sem grandes surpresas.
- Ao longo deste ano, e no embalo vários trimestres considerados negativos desde o fim da pandemia, a ação do Bradesco tem comido poeira da concorrência. Os papéis preferenciais (PN, com preferência por dividendos) acumulam perdas de 12%. Os ordinários (ON, com direito a voto em assembleias), de 11%. Direção oposta do principal concorrente, o Itaú, com ganho no mesmo período de 10%.
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Marco Saravalle, estrategista-chefe da MSX Invest, destaca que o Bradesco tem conseguido implementar uma “transformação”, ainda que gradual, que tem se refletido em resultados melhores desde o primeiro trimestre. Ele ainda destaca que os bancos, de um modo geral, têm conseguido manter a inadimplência sob controle, o que é um ponto positivo para o setor como um todo.
“O grande destaque positivo continua sendo a inadimplência no setor como um todo. Embora seja um tema preocupante, ela não está vindo. Os bancos estão conseguido desenhar uma boa qualidade das carteiras”, afirma.
No entanto, segundo Saravalle, o fato de os bancos estarem mais conservadores na concessão de crédito pode ser uma das razões para as ações terem movimentos mais cautelosos mesmo após resultados positivos.
“Os números foram bons, vieram ligeiramente melhores do que as expectativas e deveriam ser bem recebidos pelo mercado. Mas, isto posto, lembrando que o Santander também divulgou um resultado bastante saudável, mas as ações reagiram negativamente”, lembra Saravalle. ”Os bancos estão mais contidos na concessão de crédito, especialmente devido a preocupações com recuperações judiciais. Até foi isso que ajudou que ações do Santander tivessem uma reação negativa. Está tudo muito estabilizado, com bancos mais conservadores”, complementa.
Uma outra questão que pode ajudar a “travar” altas mais fortes é o cenário de cautela no Brasil e no mundo. “Hoje, particularmente, temos uma pressão mais constante, uma maior cautela no mercado internacional. Se tivermos um dia mais normalizado, as ações do Bradesco no curto prazo deveriam agir positivamente”, diz.
A quinta-feira (31) é marcada por dados de inflação nos Estados Unidos que pode surpreender, especialmente após indicadores de emprego mostrarem que a atividade segue pujante.
Phil Soares, analista de ações com certificação CFA, afirma que o balanço veio em linha com o esperado. Ele também destaca a estabilidade da inadimplência.
“O resultado veio sem surpresas, muito em linha com trimestre anterior. O banco está colhendo os resultados da redução na concessão de crédito do ano passado. O retorno sobre o patrimônio (ROE, na sigla em inglês) veio em linha com trimestre anterior e a inadimplência atingiu estabilidade”, afirma. O ROE do banco atingiu 11,3%, de 10,8% no segundo trimestre e 11,0% no terceiro trimestre de 2023.
Soares afirma, no entanto, que não houve um destaque que justifique uma alta ou uma queda significativa das ações do banco hoje. Para ele, os papéis devem ter movimentos mais sutis, próximos da estabilidade (o que, no jargão do mercado é chamado de “andar de lado”).
A carteira de crédito expandida do banco atingiu R$ 943,891 bilhões ao fim de setembro, com alta de 3,5% no trimestre e 7,6% na comparação anual.
