A Assembleia Legislativa do Paraná sediou, nesta terça-feira (13), uma audiência pública com o tema “Autodeterminação Judaica”. O evento, realizado no Plenarinho, reuniu especialistas e lideranças religiosas para homenagear o povo hebraico e o sionismo — movimento que defende a existência de um Estado onde todos os judeus possam viver livremente suas tradições e crenças. Segundo o proponente, deputado Delegado Tito Barichello (União), o encontro serviu como um espaço democrático para o debate de temas sensíveis e atuais.
O parlamentar resgatou detalhes sobre o ataque do Hamas a Israel, ocorrido em 7 de outubro de 2023, que matou 1,2 mil pessoas e sequestrou mais de 250, incluindo crianças, mulheres e idosos. “Uma barbaridade contra cidadãos desarmados, um novo Holocausto”, afirmou.
“Buscamos soluções para o povo hebreu, que possui um direito histórico de 4 mil anos sobre Canaã, a terra prometida. Lembrando que a Palestina está lá desde 1948 e é um grupo terrorista”, acrescentou, definindo os palestinos como vítimas do Hamas.
O parlamentar anunciou que irá oficiar autoridades como o governo de Israel, por meio do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu; os Estados Unidos, através do presidente Donald Trump; a Organização dos Estados Americanos (OEA); a Organização das Nações Unidas (ONU); o Congresso Nacional e outras entidades, acerca das conclusões da audiência, “para pressionar o mundo”. Houve ainda a sugestão para a criação de uma Frente Parlamentar em Defesa de Israel, nos moldes da recém-constituída no Rio Grande do Sul.
A vereadora de Curitiba Delegada Tathiana classificou os ataques como um Holocausto repaginado. Ela exaltou a contribuição dos judeus que vieram para o Brasil, hoje somando cerca de 120 representantes. “Estou aqui para reconhecer uma injustiça. Por que todos acham que podem opinar? O que é a autodeterminação dos povos senão a liberdade plena de um país decidir os caminhos da sua nação? De se defender?”
O presidente do Likud Brasil e membro do conselho de governadores do Likud Mundial, Fabio Rosenfeld, definiu a audiência pública como uma oportunidade de levar informação de qualidade, livre de fake news.
“A autodeterminação do povo judeu, chamada de sionismo, é a terra judaica (Sião), em Jerusalém, sob governo judeu – mas não apenas para judeus. Aí está o equívoco, pois Israel tem 10 milhões de habitantes, com 77% de judeus, 21% de muçulmanos, além de cristãos e pessoas de outras crenças. O sionismo também representa a tolerância para receber pessoas de qualquer credo, raça ou orientação religiosa. Israel é o único país democrático do Oriente Médio”, explicou.
Ele citou exemplos da oferta de serviços e da presença de palestinos e representantes de outros povos nos mais diversos postos e cargos para refutar a existência de apartheid no país — comparando com o sistema de segregação racial institucionalizado na África do Sul entre 1948 e 1994.
O professor de religião e presidente da Associação Anussim Brasil, Shemuel Zakai, fez um resgate histórico para explicar o sionismo. “Não é um partido, não é uma religião, é um movimento de libertação de uma nacionalidade judaica que, em diferentes partes do mundo, era expulsa e atacada, vivendo sob hostilidade por conta do ódio racial. Pensou-se, então, em um local no mundo para abrigar judeus no exílio, e esse lugar foi o Estado de Israel”, afirmou.
“Todo país tem o direito à defesa, e Israel vive um conflito extremamente delicado e histórico com vizinhos opressores. Assim como os judeus, que sempre foram citados como bodes expiatórios em diversos momentos históricos. Israel tem o direito e o dever de proteger seus cidadãos, valorizar a vida, a verdade e a justiça”, disse o advogado Yossef Penso, pós-graduado em docência em armamento e tiro, e especialista em defesa territorial.
O presidente da Associação Cultural OCIB (Ohel ha Chaim Israel Brasil), dedicada à promoção da cultura judaica, Beny Yehudah, proferiu palestra com o tema “Genocídio em Gaza?”. Ele questionou os dados sobre o número de mortos no conflito. “Cria-se um disfarce, monta-se uma ficção. São milhares de combatentes mortos que se tornam civis. Chamamos isso de jihad midiática: transformar cada terrorista morto em uma vítima inocente. Essa guerra não é apenas militar, é de narrativas”, definiu.
“O mundo está sendo enganado, pois o termo genocídio está sendo usado como arma política, e Israel, falsamente acusado. Precisamos desmascarar a indústria da distorção, da cobertura antissemita disfarçada de compaixão”, afirmou. “O que há em Gaza é uma guerra trágica provocada por um grupo terrorista que usa seu povo como escudo e quer exterminar Israel”, concluiu.
O empresário e vice-presidente da Associação Anussim Brasil, Shimon de Oliveira, explanou sobre a história da Palestina. “Os cidadãos que estão em Gaza hoje são uma novidade para o mundo. A Palestina é símbolo de um lobby em favor do terrorismo, com os cidadãos sequestrados pelo Hamas.”
O advogado e membro da Associação para Liberdade Religiosa e Negócios (ALRN), Odacir Prigol, foi um dos defensores da Lei Estadual nº 21.074/2021, sobre a liberdade religiosa. “É dever de todas as comunidades religiosas defender esse direito conquistado por meio de muita luta, muito sangue e muitos desafios.”
O jornalista e publisher da revista Superlux, Ben Blar Tavinho, elogiou o deputado Tito Barichello pela iniciativa inédita. “O judeu precisa de proteção, porque nossa alma vive no exílio. Precisamos de mais audiências como esta. É uma data histórica para a comunidade judaica. A quantidade de inimigos de Israel está crescendo muito. Não somos vítimas nem algozes, somos apenas um povo que quer sobreviver”, finalizou.