'Ainda estou aqui', de Walter Salles, vence prêmio de melhor roteiro no Festival de Veneza

‘Ainda estou aqui’, de Walter Salles, vence prêmio de melhor roteiro no Festival de Veneza

Notícia

O filme brasileiro “Ainda estou aqui”, de Walter Salles, venceu o prêmio de melhor roteiro no 81º Festival de Cinema Veneza neste sábado (7). O longa é baseado no livro de mesmo nome de Marcelo Rubens Paiva, que conta a história de seu pai, Rubens Paiva (Selton Mello), preso, torturado e morto pela ditadura militar. Fernanda Torres interpreta Eunice Paiva, mãe do escritor.

  • ‘Ainda estou aqui’: qual a história do filme que colocou Fernanda Torres no radar dos prêmios internacionais de cinema?
  • Entrevista: ‘Todos os crimes devem ser punidos’, diz Walter Salles sobre assassinato na ditadura militar

Murilo Hauser e Heitor Lorega receberam o troféu entregue pela atriz Isabelle Huppert, presidente do júri da competição. Ao subir ao palco, a dupla agradeceu ao diretor por convidá-los para escrever o roteiro oito anos antes, quando começaram as pesquisas para o projeto e a todo elenco, principalmente a Fernanda Torres.

“Queremos dedicar esse prêmio a Eunice e todos os Paivas, que nos deixaram entrar em suas vidas e casa e nos deixaram contar essa história. Não é só a história de uma família, mas do Brasil. Muito obrigada a todos os envolvidos”, disse Hauser.

“Também queremos agradecer nosso elenco brilhante, mas especialmente a grande Fernanda Torres, que trouxe essa história em vida com todo o seu coração e alma. Viva o cinema brasileiro“, completou Lorega.

O vencedor do Leão de Ouro de Melhor Filme foi “”The room next door”, de Pedro Almodóvar. Com Tilda Swinton, Julianne Moore, John Turturro, Alessandro Nivola, o longa é o primeiro do diretor espanhol falado em inglês, e foi ovacionado por 18 minutos em sua estreia no festival. Uma adaptação do romance “What are you going through”, de Sigrid Nunez, o longa acompanha a a amizade entre a escritora best-seller Ingrid (Moore) e Martha (Swinton), que se reconectam depois de perder contato. Em meio a memórias do passado, piadas, artes e filmes, Martha, que luta contra um câncer terminal, pede à amiga que a ajude com uma eutanásia para morrer com dignidade.

O diretor espanhol Pedro Almodóvar e a atriz francesa Isabelle Huppert, presidente do júri do Festival de Veneza — Foto: Alberto Pizzoli/AFP

“Quero dedicar (o prêmio) à minha família, que está aqui agora. Este é meu primeiro filme em inglês… mas o espírito é espanhol”, disse Almodóvar ao receber o troféu.

Ao todo, 21 longas participaram da competição principal, entre eles “Maria”, cinebiografia da cantora lírica Maria Callas, interpretada por Angelina Jolie, e “Coringa — Delírio a dois”, a aguardada sequência do sucesso de 2019 prometida por Todd Phillips, com Joaquin Phoenix e Lady Gaga. No ano passado, o vencedor do Leão de Ouro foi “Pobres criaturas”, de Yorgos Lanthimos.

Exibido no domingo passado (1º) na mostra italiana, “Ainda estou aqui” foi aplaudido durante dez minutos e arrancou elogios da crítica internacional. Além de melhor roteiro, havia a expectativa dos prêmios de melhor diretor, para Walter Salles, e melhor atriz, para Fernanda Torres, apontada pela imprensa internacional como possível candidata ao Oscar 2025 pelo papel de Eunice, mulher que se viu obrigada a criar sozinha os cinco filhos depois de o marido, o deputado Rubens Paiva, ser preso, torturado e morto por agentes da ditadura.

O prêmio de melhor atriz, no entanto, foi para Nicole Kidman, por seu papel no thriller erótico “Babygirl”. A artista não pôde comparecer à cerimônia devido à morte de sua mãe, e a diretora Halina Reijn recebeu o troféu sem seu lugar. Brady Cobert levou o Leão de Prata de melhor diretor pelo filme “The brutalist”, com Adrian Brody and Felicity Jones, uma cinebiografia do imaginário arquiteto húngaro László Tóth, sobrevivente do Holocausto, que imigra para os Estados Unidos pós-guerra. Vincent Lindon levou o troféu de melhor ator pelo filme “Jouer avec le feu”, de Delphine Coulin e Muriel Coulin, sobre um pai e um filho separados por suas ideologias políticas.

Veja a lista completa de vencedores

Leão de Ouro de Melhor Filme: “The Room Next Door”, de Pedro Almodóvar

Grande Prêmio do Júri: “April”, de Dea Kulumbegashvili

Leão de Prata de Melhor Diretor: Brady Corbet, por “The Brutalist”

Prêmio Especial do Júri: “Vermigilio”, de Maura Delpero

Melhor Roteiro: Murilo Hauser e Heitor Lorega, por “Ainda estou aqui”

Melhor Atriz: Nicole Kidman, por “Babygirl”

Melhor Ator: Vincent Lindon por “Jouer avec le feu”

Prêmio Marcello Mastroianni de Melhor Ator Jovem: Paul Kircher por “And Their Children After Them”

Melhor Filme: “The New Year That Never Came”, de Bogan Muresanu

Melhor Diretor: Sarah Friedland, por “Familiar Touch”

Prêmio Especial do Júri: “One Of Those Days When Hemme Dies”, de Murat Firatoglu

Melhor Atriz: Kathleen Chalfant, por “Familiar Touch”

Melhor Ator: Francesco Gheghi, por “Familia”

Melhor Roteiro: Scandar Copti, por “Happy Holidays”

Melhor Curta-Metragem: “Who Loves The Sun”, de Arshia Shakiba

Leão do Futuro – Prêmio Luigi de Laurentiis de Melhor Filme de Estreia: “Familiar Touch”, de Sarah Friedland

Horizons Extra do Público: “The Witness”, de Nader Saeivar