Daqui a 10 dias, no dia 19 de dezembro de 2024, o Palácio Iguaçu, um dos maiores símbolos do Paraná e um marco da arquitetura modernista no Brasil, celebra 70 anos de existência. Localizado no coração do Centro Cívico de Curitiba, o edifício não é apenas a sede oficial do Governo do Estado, mas também uma obra icônica que reflete a modernização política e administrativa vivida pelo Paraná na segunda metade do século XX.
Com uma estrutura imponente de mais de 15 mil metros quadrados, o Palácio Iguaçu impressiona por suas linhas retas, amplos espaços e pelo uso de vidro e mármore, materiais que conferem elegância e transparência ao projeto. Assinado pelo arquiteto David Azambuja, o prédio é considerado uma das primeiras expressões da arquitetura moderna no Brasil. Além de sua função administrativa, o Palácio Iguaçu simboliza a conexão entre o poder público e a população, representando um Paraná que buscava se afirmar como um estado moderno e promissor.
Em celebração ao aniversário, a Agência Estadual de Notícias lança a série especial “Palácio Iguaçu 70 anos”. Gravada em 4k, a série tem três capítulos e está disponível no
“O Paraná era um estado essencialmente agrícola e, embora passasse por um crescimento econômico importante, alavancado principalmente pelo café, ainda era ofuscado por estados como São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais”, contextualiza o historiador Paulo Colaço. “A construção do Palácio Iguaçu e de todo o projeto do primeiro Centro Cívico do País é icônica. O objetivo era mostrar que o Paraná era um estado grande, forte e merecia um palácio governamental à altura”.
Durante a construção, Juscelino Kubitschek de Oliveira, então governador de Minas Gerais, visitou as obras do Palácio Iguaçu e conheceu o projeto do Centro Cívico. “O projeto paranaense causou um impacto cultural a nível nacional. Inclusive, conta-se que as obras inspiraram a criação de Brasília”, comenta o arquiteto e membro do Conselho Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico, Fernando Lobo. Brasília foi construída entre 1957 e 1960, durante a gestão de Juscelino como presidente.
O edifício foi inaugurado em 1954, como parte das celebrações dos 100 anos da emancipação política do Paraná, que se desmembrou da província de São Paulo em 1853. A cerimônia de inauguração contou com um banquete para convidados especiais na noite do dia 18 de dezembro, com a presença do então presidente da República, Café Filho, em sua primeira visita oficial como presidente – ele assumiu o cargo em agosto após a morte de Getúlio Vargas. A placa inaugural foi descerrada exatamente à meia-noite do dia 19 de dezembro.
Desde então o Paraná se industrializou, se tornou o quinto estado mais populoso e com a quarta maior economia do Brasil, projetando na sociedade os sonhos que o Palácio Iguaçu inaugurou.
BENTO MUNHOZ – É impossível falar da história do Palácio Iguaçu sem mencionar o papel de Bento Munhoz da Rocha Netto, que governou o Paraná entre 1951 e 1955. Considerado por muitos um visionário, Munhoz da Rocha via na construção do Palácio a oportunidade de modernizar o governo e a administração do Estado.
“Ele é uma figura que se encaixa no momento da história do Brasil em que o País deixava de ser essencialmente agrário para se tornar mais urbano. O Palácio Iguaçu representa essa modernidade e o futuro”, afirma o historiador Renê Wagner Ramos.
A nora de Bento Munhoz, Gilda Marise Munhoz da Rocha, lembra que, quando o governador decidiu o local que abrigaria o Centro Cívico de Curitiba, ele convocou uma reunião de família. “O terreno era um pântano, com algumas construções modestas. Ele chamou a família toda na casa dele e disse que faria o projeto naquele local, e que não gostaria de saber que qualquer um de nós comprou um pedacinho de terreno por lá. Ninguém comprou. Todo mundo obedeceu”, relembra.
O aviso foi dado porque Bento entendia que a área se valorizaria após a construção do Centro Cívico, o que de fato se confirmou. De acordo com o Índice FIPEZAP de Locação Residencial, divulgado em julho deste ano, o Centro Cívico é o bairro mais valorizado da cidade, com o metro quadrado custando R$ 49,80.
A escolha do local, para o historiador Renê Ramos, foi estratégica. “O Palácio Iguaçu foi um choque do ponto de vista arquitetônico, por ser diferente de tudo o que o Paraná tinha até então. E basta reparar: quem está na Catedral de Curitiba consegue enxergar o Palácio, que simboliza o futuro do Paraná”, observa. Desde a inauguração em 1954, 27 governadores já passaram pelo Palácio Iguaçu, que aproveitaram seus amplos espaços para apresentar para a sociedade suas políticas públicas.
Ele também já recebeu inúmeras personalidades, de Pelé ao Papa João Paulo II. A última delas foi Francis Ford Coppola, cineasta que dirigiu “O Poderoso Chefão”, laureado com a Ordem Estadual do Pinheiro do governador Carlos Massa Ratinho Junior.
REFORMAS – Desde sua inauguração, o Palácio Iguaçu passou por diversas reformas, sempre preservando sua integridade arquitetônica original. Nos anos 2000, o edifício foi fechado para uma ampla revitalização, que incluiu a modernização de suas instalações internas, o reforço da infraestrutura e a restauração de alguns de seus elementos mais icônicos, como o grande mural de Poty Lazzarotto, que decora a fachada externa e narra a história do Paraná.
A reforma, concluída em 2010, buscou equilibrar a preservação do patrimônio histórico com a necessidade de adaptar o espaço às novas demandas do governo e da sociedade. O Palácio, que já foi palco de importantes eventos políticos e administrativos, voltou a abrir suas portas ao público em momentos de celebração e cerimônias oficiais, reafirmando sua importância como símbolo de transparência e modernidade.
Em 2012, o Palácio Iguaçu foi tombado e, desde então, é considerado um patrimônio histórico e cultural do Paraná.
Entre 2019 e 2024, ele voltou a passar por melhorias. O Governo do Paraná investiu R$ 3.649.315,00 na reforma do sistema de climatização, além de reparos, pintura, iluminação e restauro de móveis do Palácio Iguaçu, processo que ajuda a preservar a memória desse símbolo do Paraná.
ESPECIAL NA TELEVISÃO – A série especial sobre o Palácio também será exibida na televisão. Os episódios serão transmitidos na programação da TV Paraná Turismo, disponível no canal 9.1 UHF, na TV aberta de Curitiba e Região Metropolitana, e no canal 509 da Claro/NET. O sinal também alcança todo o Brasil pelo canal 236 da Banda Ku, canal 66 da SKY TVRO e pela frequência 3985 no Star One D2, além de outras operadoras de TV a cabo.
Assista ao primeiro episódio: