MFeito com um orçamento infinitesimal, mas com compaixão, empatia e consideração, este documentário é o produto de um encontro entre dois jornalistas. Mike Joseph é um judeu galês cuja mãe escapou por pouco do Holocausto (o resto de sua família imediata não teve tanta sorte); Sami Abu Salem é um repórter palestino que vive em Gaza, que perdeu membros de sua família e amigos próximos na violência infligida aos palestinos desde a fundação de Israel. Sua mãe se lembra do massacre que matou dezenas de pessoas em sua aldeia, Bureir ou Burayrem 1948, uma dizimação foi provocada quando os israelitas estabeleceram o kibutz Irmão Hayil próximo.
Anos mais tarde, nas fazendas daquele kibutz, Abu Salem trabalhou quando jovem, animado por visitar o local da cidade natal de sua família, mesmo que tudo tivesse sido destruído. Ele até tentou encontrar o eucalipto que sua mãe lhe disse que plantou quando criança. Agora na meia-idade, Abu Salem conta a Joseph sobre a história de sua família em uma chamada do Zoom, a câmera filmando Abu Salem na tela e cortando para Joseph sentado em sua mesa. Na narração, Joseph se desculpa pela aparente unilateralidade da configuração, que parece favorecer Joseph como o entrevistador-protagonista, mas não havia como evitar. A filmagem complementar filmada em Gaza ao mesmo tempo por Abu Salem foi destruída quando o bombardeio começou após o ataque brutal do Hamas em 7 de outubro.
A conversa que eles conseguiram gravar antes que o inferno explodisse é comovente e instigante. Os dois homens enfatizam o quanto eles têm em comum como filhos de traumas, em vez do que pode separá-los. O filme exibe citações e fatos para sublinhar pontos retóricos importantes, e não há dúvida de que — como tantos judeus liberais olhando para o que está acontecendo com horror — Joseph fica horrorizado ao ver os descendentes do Holocausto matando outras pessoas em grande escala. Embora Joseph não corra o risco de ter sua casa bombardeada até os pedacinhos, não há como discordar de Abu Salem quando ele aponta que o homem mais velho no Reino Unido assumiu um projeto muito corajoso com este filme.
A seção final do filme, filmada após o início dos ataques a Gaza, revela o quanto Abu Salem e sua família estão sofrendo enquanto vivem em tendas, lutam para encontrar água, comida, lenha e itens sanitários essenciais nos quais mal precisavam pensar um ano atrás. Quando Joseph coloca citações na tela de seu avô, questionando suas próprias escolhas sobre deixar ou permanecer na Alemanha nazista e expressando desconforto com a forma como os palestinos estavam sendo tratados por judeus migrantes que tentavam estabelecer uma pátria antes de 1939, os paralelos são assustadores. Até mesmo o amadorismo da produção do filme, com cenas em que Joseph tem que verificar suas anotações em seu telefone enquanto faz trechos de caminhada e conversa para a câmera, parece de alguma forma comovente, sugerindo o quão difícil é obter financiamento para contar uma história que questiona a busca de vingança de Benjamin Netanyahu.