Alcaraz escapa em grande estilo

Alcaraz escapa em grande estilo

Notícia

Frances Tiafoe mais uma vez levou Carlos Alcaraz ao limite, numa ameaça maior do que havia sido a do US Open de 2002, mas o já experiente espanhol voltou a mostrar seu poder de reação e conseguiu arrancar uma duríssima virada de 2 sets a 1, com direito a show na série decisiva.

Jannik Sinner, que havia passado por teste semelhante na rodada anterior frente a Matteo Berrettini, desta vez impôs sua autoridade sobre o sérvio Miomir Kecmanovic. Super aplicado, mostrou-se atento ao saque, à devolução e acima de tudo pareceu outra vez confortável na transição à rede, fatores essenciais no piso de grama.

Este é o nono Slam consecutivo em que Alcaraz atinge ao menos as oitavas de final. Na verdade, ele fez isso em 10 dos 14 de que já participou e a única vez que falhou na quarta rodada foi lá mesmo em Wimbledon, em 2022. Desde então, ganhou três troféus e fez mais duas semis, tendo como ‘pior’ campanha as quartas do Australian Open deste ano. É um tremendo currículo para seus 21 anos.

Sinner começou antes no primeiro nível, mas está um pouco atrás. Atinge as oitavas pelo quinto Slam seguido e de 13 de seus 19 torneios já disputados. Ele somava quatro presenças em quartas até enfim fazer a semi de Wimbledon do ano passado e desde então ganhou um troféu e fez outra semi em Paris. Sua evolução é franca e evidente.

O duelo entre Alcaraz e Tiafoe foi o melhor até agora deste Wimbledon. O americano não sentiu dificuldade com seu forehand virado, um pouco porque a grama hoje faz a bola subir mais, porém também porque o espanhol não explorou tanto os slices. E assim Tiafoe bateu à vontade na bola, com confiança muito grande, a ponto de somar mais winners até mesmo no segundo set que perdeu.

O momento crucial foi, é claro, o quarto set. Apesar da pressão, Alcaraz não permitiu um único break-point e viveu um momento de grande tensão quando sacou com 30-30 no 4/4. Aí é onde se percebe toda sua capacidade. Disparou no tiebreak, aproveitamento pequena queda de intensidade de Tiafoe, e daí em diante mandou na partida. Fez um quinto set quase irrepreensível – cedeu apenas três pontos de saque, ainda que tenha acertado apenas 50% dos primeiros -, com certeza consciente de que Tiafoe bateu na trave, na sua melhor apresentação da temporada. Foi sua 12ª vitória em 13 partidas que vão ao quinto set.

Por culpa da chuva, nenhum dos dois favoritos sabe contra quem jogá no domingo. Sinner aguarda um canhoto, Ben Shelton ou Denis Shapovalov, que ainda começavam a partida, mas não vejo qualquer um deles com mais de 30% de chance em condições reais. Já Carlitos tem tudo para enfrentar o também canhoto Ugo Humbert, que está a apenas um tiebreak da vitória sobre Brandon Nakashima, o que seria um confronto inédito para o atual campeão.

Os outros dois classificados já conhecidos obedeceram a lógica. Tommy Paul desta vez jogou firme e não deu a menor bola para Alexander Bublik – curiosamente, aplaudido ao fechar um game com saque por baixo -, enquanto Grigor Dimitrov prevaleceu sobre Gael Monfils sem sustos. Paul será amplo favorito contra Fabio Fognini ou Roberto Bautista, em que o italiano lidera por 2 sets a 1, e Dimitrov deve ter o jogo mais difícil, caso Daniil Medvedev confirme diante de Jan-Lennard Struff.

Gauff confirma, Raducanu sonha

Os dois quadrantes de oitavas de final da parte inferior da chave feminina são totalmente díspares. Enquanto quatro cabeças de chave irão duelar por uma vaga na semi, grupo formado pelas americanas Coco Gauff, Emma Navarro e Madison Keys e a batalhadora italiana Jasmine Paolini, o outro setor não tem qualquer favorita, já que três cabeças foram batidas nesta sexta-feira.

Gauff chega às oitavas com apenas 10 games perdidos, embora duas adversárias tenham sido muito fracas, e por isso Navarro pode complicar as coisas, já que tirou Naomi Osaka e agora Diana Shnaider, numa virada imponente. Já Keys mostrou seu poder de fogo contra Marta Kostyuk e é favorita contra Paolini, que superou um primeiro set duro e depois atropelou Bianca Andreescu.

Se Gauff mira quartas no único Slam em que ainda não foi tão longe, Navarro tenta pela segunda vez superar as oitavas, tendo falhado em Paris. No duelo entre a 2ª a 17ª do ranking, Coco ganhou o único já feito, em Auckland de janeiro. Quadrifinalista de Wimbledon em 2015 e 2023, Keys é favorita nesse reencontro com Paolini, que reúne a 7ª e a 13ª do mundo. A vice de Roland Garros nunca havia ganhado partidas em Wimbledon até este ano.

Com um troféu de Slam na prateleira, Raducanu ainda tem a torcida a seu lado, mas desde o título do US Open de 2021 nunca mais tinha vencido dois jogos seguidos de Slam. Atual 135ª do mundo, fará impensável duelo contra a 123ª, a australiana Lulu Sun, a grande surpresa vinda do quali.

Numa partida tensa e longa, Badosa foi corajosa o tempo todo para tirar Daria Kasatkina e chegar pela terceira vez nas oitavas. Nunca enfrentou Donna Vekic, que ocupa um nobre 37ª lugar do ranking e tem um vasto currículo de 44 Slam disputados e uma quartas em Melbourne.

O que esperar do sábado

– Bia tem seu primeiro grande desafio do torneio ao encarar de forma inédita Collins, 11ª do ranking e em grande fase desde março. Jogo será por volta das 9h30 na quadra 3. A brasileira não pode permitir quebras precoces.
– Djokovic fecha a Central contra Popyrin. Australiano tirou um set em Melbourne de janeiro e nunca fez oitavas de Slam. Um tenista que sabe fazer um pouco de tudo, mas sua cabeça flutua muito.
– Norrie é freguês de Zverev, porém jogar na Central e com o público pode lhe dar maior motivação. Se alemão sacar como tem feito, entra como amplo favorito.
– Mais dois sul-americanos em quadra: Tabilo tenta surpreender Fritz, dois jogadores que ergueram troféus na grama na semana passada, e Comesana é zebra contra Musetti. Não podem ser descartados.
– Iga Swiatek ganhou todos os quatro jogos contra Yulia Putintseva, 35ª do mundo e que ganhou Birmingham dias atrás.
– Elena Rybakina tenta oitavas pelo quarto ano seguido. Carol Wozniacki, que quase caiu para Leylah Fernandez, não vence uma top 10 desde 2018.
– Ons Jabeur contra Elina Svitolina pode ser o grande confronto da rodada feminina. A ucraniana tem 3 a 1 sobre a duas vezes vice do torneio. Promessa de muita habilidade e variação em quadra.

O grande lance do dia